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Escapismo Cinéfilo: Faster, Pussycat! Kill! Kill!

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Em fevereiro do ano passado faleceu um dos grandes ícones do cinema cult e trash: Tura Satana. Ela ficou conhecida por seu emblemático papel de Varla no filme explotation Faster, Pussycat! Kill! Kill! A película de Russ Meyer praticamente inaugurou um estilo de mulher forte, bela e perigosa copiado até hoje em personagens como a Noiva em Kill Bill, Xena e, por que não incluir, a série As Panteras. Transitando por entre gêneros, FPKK é imperdível para todos os apaixonados pelo estilo B, em especial aos fãs dos cineastas como Quentin Tarantino e Robert Rodriguez.

Sinopse:
Em seus carros esportivos e prontas para muita ação, três go-go dancers atravessam o deserto à toda velocidade; Após um racha com um casal ingênuo, Varla mata o rapaz com suas mãos e, para não levantar mais suspeitas, sequestra a garota. Com o auxílio de Rosie e Billie, Varla bola um plano para conquistar uma fortuna escondida em um rancho por um idoso e seus dois filhos. Usando a garota sequestrada como isca, as três strippers tentam seduzir o velho e os filhos com o intuito de encontrar o dinheiro.

Ficha Técnica:
Título Original: Faster, Pussycat! Kill! Kill!
País: Estados Unidos
Gênero: Ação, Comédia e Suspense
Ano: 1965
Diretor: Russ Meyer
Elenco: Todo o elenco pode ser visto AQUI; Os principais são


Tura Satana - Varla


Haji - Rosie


Lori Williams - Billie


Sue Bernard - Linda


Stuart Lancaster - O Velho



Prêmios:
  • Não há registros.

Crítica:
Ladies and gentlemen, welcome to violence, the word and the act. While violence cloaks itself in a plethora of disguises, its favorite mantle still remains... sex. Violence devours all it touches, its voracious appetite rarely fulfilled. Yet violence doesn't only destroy, it creates and molds as well. Let's examine closely then this dangerously evil creation, this new breed encased and contained within the supple skin of woman. The softness is there, the unmistakable smell of female, the surface shiny and silken, the body yielding yet wanton. But a word of caution: handle with care and don't drop your guard. This rapacious new breed prowls both alone and in packs, operating at any level, any time, anywhere, and with anybody. Who are they? One might be your secretary, your doctor's receptionist... or a dancer in a go-go club! 
É com esta narração que a obra cinematográfica começa. O prenúncio a violência faz jus ao que esta por vir, um clássico atemporal e ousado - para a época - onde se mistura humor escrachado, suspense, uma pitada de terror psicológico e voluptuosas mulheres.

Russ Meyer estava distante dos holofotes hollywoodianos quando lançou esta pérola. Conhecido e muitas vezes criticado por seu conteúdo subversivo em filmes - além de possuir uma obsessão descarada por seios fartos - não fugiu de sua forma criativa e trash de dirigir. Fixando-se aí a sua principal contribuição para a contracultura do período. Em um lapso temporal onde o cinema americano experimentava a influência externa, com seus explotation Russ trazia a tona o sexo e a violência conjugados com algumas críticas sociais. Para o FPKK vivenciar o auge cult certos elementos merecem destaque, como o encanto fotográfico do cenário arenoso em franco contraste as roupas mínima e decotadas das garotas, sem falar do abuso das frases feitas, complementado pelo efeito sonoro das cenas e atuações toscas - que, incrivelmente, funcionam bem no clima da película.


Está certo que o contexto do roteiro seja um tanto infundado, entretanto, são nestes ares que surgiram as populares Badass Women: Amazonas em personalidade, sexualidade e atitude. Ainda que Rosie e Billie transitem bem no estilo, é Varla a principal personificação da dominação feminina. Tanto o é que quando ela está na tela torna-se a protagonista absoluta. Tura foi esperta ao patentear o visual marcante da personagem. Abaixo um típico diálogo vixen da maligna stripper:
Kirk: You're a very sick girl. 
Varla: I was healthy enough a half hour ago, or do people look different to you when they're not horizontal?
As atuais mulheres poderosamente perigosas devem renderem-se ao fato de que possuem inspiração - mesmo que longínqua - em Varla. O excelente trabalho de Tarantino & Rodriguez em Grindhouse bebem desta veia, especialmente o segmento À Prova de Morte - homenagem explícita. Ademais, há notícias de uma refilmagem a ser lançada em 2015.

Com tantos fatores Cool, Faster, Pussycat! Kill! Kill! 
nasceu Clássico, sempre será Cult!

Classificação:
   
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Onde Encontrar:
Por ser um filme independente, não é tão fácil de encontrar ele em sites brasileiros; Todavia no Amazon tem-se o DVD do mesmo por Aniversário por $49.99 e na página especializada no trabalho de Russ Meyer é possível comprar o DVD do FPKK por $39.95, além de variações de produtos.  
Amanhã o Faster, Pussycat! Kill! Kill! estará Em Cartaz aqui no blog! O filme completo para assistir online e legendado em português será a atração do final de semana. Vale MUITO a pena conferir.
Trilha Sonora:
Durante o correr da película esbarramos com uma variação de sons jazzísticos acompanhando o ritmo da cena - do suspense ao humor. Contudo, uma canção homônima foi escrita especialmente para a obra, com letra de Rick Jarrard, música de Paul Sawtell e Bert Shefter e cantada por The Bostweeds. Ouça Agora:



Escapismo Cinéfilo: Tese - Morte Ao Vivo

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Os Reality Shows invadiram a telinha. Apesar do conceito parecer "atual", a ideia surgiu ainda na década de 70. Todavia, viu sua expansão nos anos 90. O porquê disto? A simples curiosidade natural de saber um pouco mais sobre a vida alheia. Mas, e quando esta curiosidade não se limita a vida? O mito dos Snuff Films está aí para responder este questionamento. A ânsia por cenas reais mórbidas é tratada de forma inteligente na película de estréia do ótimo Alejandro Amenábar como diretor de longa metragem; Com vocês no Escapismo Cinéfilo...  


Sinopse:
Uma estudante de cinema está escrevendo uma tese sobre a violência audiovisual. Na busca por material, ela depara-se com um fita de vídeo contendo cenas de uma garota sendo torturada. Com a ajuda de um colega logo descobre que se trata de um filme "Snuff". Assim, os dois investigam a origem e os culpados deste.
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Ficha Técnica:
Título Original: Tesis
País: Espanha
Gênero: Terror e Suspense
Ano: 1996
Diretor: Alejandro Amenábar
Elenco: Todo o elenco pode ser visto AQUI; Os principais são


Ana Torrent - Ángela


Fele Martínez - Chema

Eduardo Noriega - Bosco Herranz


Xabier Elorriaga - Castro

Miguel Picazo - Figueroa


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Prêmios:
  • Grand Prize of European Fantasy Film in Silver (1997): Diretor Alejandro Amenábar foi o vencedor.
  • CEC Award (1997): Alejandro recebeu o prêmio como melhor artista revelação.
  • Grand Prize of European Fantasy Film in Silver (19997): Indicação de Alejandro Amenábar(Méliès d'Argent 1997 at Brussels International Festival of Fantasy Film).
  • Goya (1997): Foi vencedor nas seguintes categorias = Melhor Edição para María Elena Sáinz de Rozas; Melhor Filme; Melhor Ator Revelação para Fele Martínez; Melhor Diretor para Alejandro Amenábar; Melhor Direção de Produção para Emiliano Otegui; Melhor Roteiro Original para Alejandro Amenábar e Melhor Edição Sonora para Daniel GoldsteinRicardo Steinberg  e Alfonso Pino; Além da indicação na categoria de Melhor Atriz para Ana Torrent .
  • No Festival de Cinema de Gramado - Golden Kikito (1996): Ganhou na categoria Latina de Melhor Atriz para Ana Torrent; Além de ter sido indicado a categoria Latina de Melhor Filme.
  • Mysfest (1996): Indicado ao prêmio de Melhor Filme.
  • Ondas Awards - Film Award (1996): Alejandro recebeu o prêmio como melhor diretor.
  • Prêmio AEC (1997): Ana Torrent recebeu o prêmio como Melhor Atriz cinema.
  • Sanit Jordi Awards (1997): Recebeu o prêmio concedido pelo público na categoria de Melhor Filme.
  • Valdivia International Film Festival (1997): Alejandro Amenábar ganhou o prêmio do público.
.Crítica:
"Me llamo Ángela, me van a matar..."
Por que a violência extrema em audiovisual atraí tanto público? Esta era a pergunta que a universitária Ángela intentava responder em sua tese para a faculdade de cinema. Dona de uma natureza inquisitiva e longe da morbidez, ela desejava traçar um perfil dos interessados e das influências que estas cenas muito violentas geram na sociedade. Para isto, no entanto, ela precisaria mergulhar no universo hardcore da cinefilia. Como este acesso ao extremo era mais restrito - eis que muitas vezes este "gosto" fora percebido até como uma falha de caráter, por assim dizer - pede auxílio a um professor e a um colega (reconhecido por ter fascínio ao estilo). Partindo deste pressuposto, Alejandro cria um roteiro tão surpreendentemente bem amarrado que quase é de se duvidar que o fez  tendo apenas 23 anos. 

Tratar de snuff - que para quem não sabe são aqueles filmes onde uma morte real é filmada - sem cair numa mesmice e ainda ser capaz de transpirar questionamentos filosóficos não é para qualquer um, e digo isto tanto no quesito criadores quanto telespectadores; Afinal, apesar do filme em si não ser pesado e manter um bom ritmo, causa certo incômodo ao cogitar a trivialidade da vida, além do crescimento da insensibilidade, bem como a compararação com a nossa sociedade de consumo.
Um dos pontos que mais aprecio no filme é que as personagens não são rasas, todas possuem o "bem" e o  "mal" bem delimitados. A dualidade inerente resta muito bem explorada pelo diretor. Exemplo disto são duas cenas que ocorrem na praça de alimentação da faculdade: Num primeiro momento aparece Ángela com seus fones de ouvido escutando música clássica; Cenas mais tarde, ela se mantém na mesa habitual usando os mesmos fones, só que agora os sons são de gritos gravados da maldita fita snuff que encontrou. Ela não consegue parar de ouvi-los. A mesma persona de boa índole é capaz de acessar o seu lado mais sombrio, com asco e fascínio.

As aparências também são uma ótima forma de elucidar as incongruências, sendo que aqui destaco a personagem de Chema. O estudante de cinema é admirador de violência e pornografia, um tanto desleixado e agressivo no trato - aqui a direção de arte acertou em cheio ao montar seu apartamento -, todavia, aos poucos vamos conhecendo o lado mais "doce" dele, como na cena em que ele recita O Aniversário da Infanta de Oscar Wilde. Detalhe, Fele Martínez que arrasou no papel de Chema era estreante. Aliás, todo o elenco foi muito bem escolhido e dirigido.
Para mim, entretanto, o momento que mais me fez refletir foi a seqüência final da película. Sem muitos diálogos e com uma câmera acompanhando os protagonistas resumiu a conclusão pessoal do diretor, sem deixar de levantar outros diversos pontos. Calma, não vou contar ela aqui não...

Só afirmo isto:
Sabe quando acontece aquele acidente na estrada e nossos olhos simplesmente não evitam encarar?
Neste filme você também não irá desviar o olhar.

Classificação:

Onde Encontrar:
Por ser um filme mais antigo e talvez não tão conhecido, encontrei bastante dificuldade em localizar o produto em sites nacionais. Todavia na Amazon é possível encontrar nas seguintes versões:
Trilha Sonora:
Alejandro - genial como ele só - além de escrever e dirigir o filme, compôs sua canção tema homônima; Como não localizei o áudio em específico, coloquei este  vídeo com um trecho do filme aonde é possível curtir bem a música. No mais, ouça agora:


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Escapismo Cinéfilo: Suspiria

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Ter um pesadelo é algo angustiante. Nada tem início, nada tem fim, é uma sequência incessante de imagens, pessoas, experiências que fazem de você uma vítima do inconsciente. Geralmente só conseguimos provar desta sensação durante o sono mesmo. Contudo, alguns raros cineastas possuem a fórmula precisa de sons e imagens capazes de nos transportar ao infame momento, dentre eles temos Dario Argento e o seu aclamado Suspiria.


Sinopse:
A americana Susan é convidada a ingressar em uma elegante e antiga academia de Balé européia. Logo que  chega percebe que algo estranho rodeia o ambiente. Aos poucos vai descobrindo que a escola nada mais é do que uma fachada para uma associação macabra de, o que acreditar ser, bruxas.  

Ficha Técnica:
Título Original: Suspiria

País: Itália
Gênero: Terror e Suspense
Ano: 1977
Diretor: Dario Argento
Elenco: Todo o elenco pode ser visto AQUI; Os principais são
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Jessica Harper - Suzy Bannion



Flavio Bucci - Daniel


Miguel Bosé - Mark


Alida Valli - Miss Tanner

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Prêmios:
  • Saturn Award (2002): Indicado na categoria de Melhor Relançamento em DVD de um Filme Clássico.
  • Saturn Award (1978): Indicação de Joan Bennett como Melhor Atriz Coadjuvante.

Crítica:
You want to kill me! You want to kill me! Hell it's beyond that door... The living dead!
Garanto que muitos dos que leram a sinopse sem conhecer o trabalho de Dario já tiveram dúvidas sobre a qualidade do filme. Não duvidem! Mas, também  não esperem um roteiro redondinho, bem montado, quanto menos atuações inesquecíveis. Não, a película foi montada com a intenção de causar uma sensação direta no seu apreciador, por tal outros elementos ganham primeira importância: As imagens e o som.

Num período onde O Exorcista fez questão de trazer o terror para nós, como se estivesse iminente em nosso cotidiano; Argento criou um ambiente improvável, misterioso e distante - como aqueles antigos castelos góticos repletos de monstros. Justamente nesta "climatização" da trama que a visão peculiar do diretor torna-se pungente.
Com ares surrealistas o filme traz cores exorbitantes - aplicando muito bem o technicolor de três cores. O elemento visual cria através de filtros e uma excepcional direção de arte - abusando da estilização e tons pastéis para as locações - sensações distintas, escolhendo para o quarto dos professores tons vermelhos, para o das alunas é amarelo, enquanto o azul gira nos ambientes educacionais da academia de balé, já nos externos o verde faz a vez.

Não bastando esta preocupação técnica com o magnífico da fotografia, Dario faz questão de buscar pontos inusitados para a colocação da câmera - como se as tomadas entrassem e saíssem de um móvel, por exemplo. Na tentativa de seguir o olhar de determinada personagem, acaba-se por desnortear o telespectador; O que, no caso do terror sensorial, é perfeito.
Como eu mencionei anteriormente, Suspiria é uma experiência audiovisual de horror, então, no que tange ao elemento sonoro temos a fabulosa música composta por Goblin (banda italiana de rock progressivo) em toda a película. A composição é tão perturbadora e estridente que mesmo sem o acompanhamento visual atormenta. No filme em ocasiões a trilha é tão alta que abafa o som do grito, dando uma impressão incômoda.

Creio que o maior objetivo de Dario Argento era o de conduzir o telespectador para aquela viagem do filme, conseguindo isto através de cenas de cores impactantes, estética estilizada, tomadas improváveis e amplas, finalizando com a sonorização alta por entre suspiros. Enfim, surrealismo total!  

Ainda que no final a falta de respostas e os furos no roteiro estejam lá, recomendo esta experimentação. Como disse antes, raras são as obras capazes de recriar a desnorteante angústia de um pesadelo.
Classificação:



Onde Encontrar:
Apesar de ser uma obra conhecida, em algumas lojas on line o produto encontra-se indisponível. Todavia, consegui localizar em DVD e em Blu-Ray nos seguintes sites:

Trilha Sonora:
Ao contrário do que normalmente se ouvia na época onde a soundtrack clássica imperava, Dario fez questão de conversar com a banda de rock progressivo Goblin para a composição. O resultado foi uma combinação aterradora de sons em crescente, suspiros e mistérios; Ouça agora:


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