Religiosidade e Espiritualidade, para mim, estão conectadas diretamente com tolerância, visões de mundo, diversidade de crenças e ritos. Qualquer postura que assuma sua verdade absoluta, sem espaço para as mudanças sociais e para as novas descobertas, soa irreal em mim. Nunca cogitei a fé - ou mesmo falta dela - como um meio de encontrar respostas. Acredito ser o caminho na busca de novas perguntas. Nada que me ofereça máximas prontas e simples cabe no que pressinto como tal, não quero comodismo. Quero sentir-me viva.
Meu universo interno possui uma percepção bem única do que seria espiritualidade. Não estou preocupada com Deus e pecado especificamente, minha fé é energia. Creio que somos poeira estelar, interligados por nossos laços energéticos, seguindo com a lei da ação
versus reação
- respondemos por nossos atos. Acredito na evolução pessoal e espiritual de cada homem dentro dos limites que lhe são alcançados. Fujo dos julgamentos. Minha crença é intuitiva, conforme demonstra
minha poética que segue:
Rosas Chinesas
Quem pode dizer-me se merecemos o etéreo?
Quem pode dizer-me se o luar é a resposta divina?
As lágrimas dos anjos viram árvores?
Você falava do sabor do café da manhã?
Há uma aurora nova todo o dia?
Alguém me contou que as rosas chinesas
São milhares de noites em uma;
A última pintura feita na tarde,
No índigo, no azul...
É verdade?
Os sonhos são florestas?
São jardins de rosas chinesas?
Sei que a chuva vira rio,
Suspeito que o paraíso esteja em cada um.
Não sei.
Não perguntei.
Mas será?
Será que Deus sabe?
Sabe que de rosas chinesas sou eu cultivada?
Veneração
Uma menina fita o oceano,
Ao longe reza pelos barcos.
Sabe ela que são seus sonhos que os barqueiros conduzem;
Sabe ela que estes homens não são homens,
São anjos
Que na praia recolhem preces;
Sabe ela que Deus não mora no céu,
É no mar que Ele se esconde.
Ou então porque aquela água seria salgada?
São as clamações humanas que O fazem chorar.
Uma menina fita o oceano
Esperando a volta dos barqueiros,
Rezando para que seguros estejam,
E para que tragam a resposta divina
Quando aportarem novamente.
Nada mais belo do que provar do mundo em sua essência e perceber a infinidade lírica que lhe cabe. Minha religiosidade são os versos sob quais nasci.