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Brincando de Divindade

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Por entre estas desventurosas jornadas pessoais, acordei ao som das palavras de Calvin Weir-Fields: 
"I'm sorry for every word I wrote to change you, I'm sorry for so many things. I couldn't see you when you were here and, now that you're gone, I see you everywhere." 

Quantas vezes esvaí as letras buscando prever seus passos, justificando seus sentimentos, criando circunstâncias quiméricas onde pudesse suprir uma realidade não satisfatória. Neste universo literário possuo o poder insensato de tê-lo sob as formas que me cabem cogitar. Nenhum defeito seu dura, nenhuma obscuridade persiste; Tenho na habilidade natural de lavrar a fuga das dores presentes. 

Eis-me aqui bancando a divindade, tentando proporcionar ao meu ímpeto uma perfeição fictícia. Nos trôpegos traçados de tinta, o platônico sentir fez-se confortável e as mazelas que um dia compuseram parte de sua nuance real, não mais atraem-me. 

Dos erros que cometi, o isolamento temoroso foi o maior. Escapista natural, deixei de aproveitar detalhes que hoje persigo em cada canto reflexo. Quem sou eu para conceber tamanha pretensão? Eu amava você por inteiro. Só hoje percebo. Vitimizei-me por alienação.

Quando compreendi o que é o Amor

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Sempre vi o mundo como este lugar onde eu realmente não pertencia.

O título pode até soar pretensioso, como compreender o amor (falo aqui do romântico)? Não há como delimitar o sentimento em uma definição específica, ou mesmo uma manifestação tal que impeça a dúvida. Sei disto. Mas, a percepção pessoal do que seria esta vastidão ilusória que mistura tesão e carinho, esta sim pode ser revelada. O meu instante ocorreu frente ao filme Antes do Amanhecer, ainda nos idos da boa época da Sessão da Tarde.

Se me perguntarem qual o filme que eu considero mais romântico, com certeza seria este. É simples, arreigado a segundos de compartilhamento e reconhecimento pessoal. Poderia definir como: Uma conversa incessante de duas almas. O arrebatamento é construído  na importância das palavras cedidas e recebidas. Para alguns pode ser visto como "sem graça", para mim é a própria definição do que a intensidade significa, um mergulho interno sem pudores.

Celine e Jesse se conhecem no caminho de suas viagens. Cruzaram e arriscaram, mudando o trajeto para que algumas horas fossem vividas juntas. Há uma ousadia nesta ação, nem falo por serem desconhecidos, quando os dois optaram por saltar do trem, não temeram baixar a guarda e revelar-se. O trivial costuma dominar as relações de hoje... Eles tinham um dia, fizeram mais do que muitos fazem em uma vida.

Numa das cenas mais bonitas da película - que é repleta de momentos preciosos - o casal discute sobre o que seria mais importante na vida. Neste diálogo Celine definiu o amor como algo divino, residindo no espaço entre duas pessoas. Em suas palavras: "Se há algo de mágico neste mundo, deve estar na tentativa de compreender alguém, compartilhar algo. Sei que é quase impossível ter sucesso... Mas, quem se importa? A resposta deve estar na tentativa.":


Em que pese hoje viva um momento mais Jesse, querendo alguma coisa além, as pouquíssimas vezes em que me apaixonei - não sou daquelas que faz juras de amor tão facilmente - vi-me como Celine; Buscando  perceber o espaço entre nós dois.

Para mim não é possível falar de amor sem o conforto de "ser eu mesma" e vice-versa. O silêncio é um outro bom indicativo disto, as vezes palavras não valem tanto quanto o estar junto, ao som de Kath Bloom.


Celine e Jesse se perderam durante anos, até se reencontram no Antes do Pôr-do-Sol. Rever os dois e notar que aquela noite sobre as estrelas foi o referencial de amor deles, só me fez acreditar mais e mais de que compreender o sentir assim não era errado. Quem sabe um dia eu tenha a sorte e encontre o que não temo procurar.

Você não pode substituir ninguém... porque todos somos feitos de belos e específicos detalhes.