Proposta de Conto: Mass hysteria hits 1950s New York after a report of a Martian spotted atop the Empire State Building

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Um, dois, três, a luz acende e se esta "no ar". A voz há que ser precisa no tom, transmitir com severidade as informações repassadas. Os reportes são aterradores e a população deve saber que o inacreditável aconteceu. Antes fosse o roteiro de um filme hollywoodiano da época, algo como "O dia em que a Terra parou", não era. Estava-se perante uma situação inteiramente nova e real. A extensão do que se iria noticiar, fugia de qualquer precedente, Daí a importância da voz assertiva; como saber quais seriam os efeitos vindouros?
- Interrompemos a programação para o informe de uma notícia de extrema gravidade. Há poucos minutos confirmou-se que na cobertura do Empire State Building foi visto um Objeto Voador Não Identificado, mais conhecido com OVNI. O mesmo teria pairado sobre o edifício por cerca de 15 minutos, piscando uma sequência de luzes rápidas, antes de permitir que um ser descesse da suposta nave, a qual partiu do local imediatamente. Esta informação foi repassada por diversos transeuntes que estavam nas imediações. A polícia montou um cerco e evacuou o Empire State Building. Todavia, não prestou maiores esclarecimentos. Aqui no estúdio está uma das testemunhas do evento. Sr. Donavan, pode descrever aos nossos ouvintes o que acabou de presenciar?
- Terror! Foi o que presenciei. Eu vi luz, um ruído alto, mais como um zumbido fino afetando o ouvido. Estava a algumas quadras dali, no escritório do meu advogado. Vi tudo da janela. A luz girava de forma muita acelerada e depois de um tempo simplesmente parou, foi nessa hora que saiu daquela luz toda uma criatura. Era alta, estava sem roupas e aparentava ter uma cabeça grande demais para o corpo, como uma formiga. A luz foi embora e deixou o monstro lá.
- Sabe precisar quando a polícia chegou ao edifício?
- Não. Na realidade, foi quase que junto com a nave. Era uma nave aquela luz, nada de não identificado, tenho certeza que era uma nave! Achei estranho demais a rapidez dos policiais, parecia que sabiam que isso aconteceria. Coisa do Governo. Eles sabem bem mais do que revelam a população, como as malditas armas nucleares.
- O senhor viu o momento em que se começou evacuar o edifício?
- Sim. Os policiais com roupas especiais entraram lá e quem estava dentro saiu apressado, correndo e gritando que nem naquele filme "A Bolha Assassina"
- Roupas especiais?
- Pareciam astronautas ou aqueles que cuidam de abelhas.
- Apicultores?
- Estes mesmos, totalmente cobertos. Por isto repito, é coisa que o Governo já sabia. Eles sabiam que seríamos invadidos.
-  Muito obrigado Sr. Donavan. Os eventosno Empire State Building continuam ocorrendo, contudo, nenhuma informação está confirmada. Tentamos contato com a polícia, sem sucesso. É um dia histórico na nossa bela Nova Iorque. Voltaremos com maiores esclarecimentos ao longo da  programação.
* *
Maldito trânsito! Agora todos só andam de carro ou será que todas as pessoas resolveram sair na exata mesma hora? Por falar nisso, que horas são? 15 horas! Nova Iorque está cada dia pior. VAMOS! Minha reunião começa daqui a pouco. Pelo menos não sou o único irritado aqui. Todos parecem agitados, inclusive quem está na rua. Hum... que barulho é esse? Estridente, será que vem do rádio... Todos estão ouvindo? Estão! Mas o que olham tanto para cima? Por que estão saindo dos carros? Ah... vou descer também. Passando o olhar de andar por andar do suntuoso Empire State Building quadras a frente... Meu Deus! Que luz é aquela? Mas, o que... ? Tem alguém descendo da luz, TEM ALGUÉM DESCENDO DA LUZ! Ei! EI! Estão esbarrando em mim, correm tanto, quanta gente, quanta correria, quantos gritos... Vou entrar no carro de novo. Senhor, o que acabou de acontecer aqui? Meu Deus, o que foi aquilo? São sirenes? É a polícia chegando?
 - Interrompemos a programação...
Vou aumentar o volume.
* *
- Mãe, mãe! O Peter atropelou minha boneca com a nave espacial dele...
- Mas mãe, a Barbie é um alienígena invadindo a Terra.
- Peter, pare de atormentar sua irmã com estas histórias sobre alienígenas e naves espaciais, até porque depois você não consegue dormir a noite.
- Não sei como consegue Mary Alice! Manter a casa, a roupa e os cabelos impecáveis com toda essa agitação gerada pela imaginação mais que fértil de seus filhos.
- Nem eu sei, Janet. As vezes penso que é culpa dessa coisa toda de cinema, histórias malucas que fazem deles assim... criativos.
- E morar em Nova Iorque já é o suficiente para isso.
- Verdade! estes dois conseguem encontrar estímulo em tudo. Não duvido nada que daqui a pouco entrem gritando e...
- Mãe, mãe! A luz, mãe! Vem ver. Uma luz muito forte em cima do prédio, e gira! São os extraterrestres, mãe! Eu sei que são.
- O que eu disse? - suspiro - Calma, Peter! Já disse para você não ficar inventando histórias, que depois fica impressionado. não tem nada lá fora, tenho certeza.
- Tem sim, mãe! Ele não tá mentindo, vem ver.
- Calma gente. Mil perdões Janet. Hoje estão mais impossíveis que de costume.
- Mary Alice, imagina! Vamos com eles ver e pronto. Não custa nada conferir para acalmá-los.
Silêncio em pausa. Vento que parou de soprar.
 - Não disse que são os ETs, mãe?
- O John escolheu uma casa com abrigo nuclear?
- Sim, Janet. Que Deus o proteja por isso.
Passos rápidos e o fechar do pesado alçapão.
* *
Um, dois, três, a luz acende e se esta "no ar".
- O horror instalou-se na Big Apple. O ser avistado no Empire State Building continua no local. Apesar do cerco policial, nenhuma solução está sendo apresentada. A falta de comunicação está gerando o caos. Aqui mesmo da estação é possível ouvir gritos de socorro e muita confusão. Nas imediações, tanto os carros quanto os estabelecimentos foram abandonados. O evento das luzes trouxe a escuridão em pouco menos de 2 horas. Alguns especulam tratar-se de um ataque nuclear como nunca visto, outros insistem na hipótese de ser, realmente, uma invasão alienígena. O que alarma é a postura do Governo, o qual está distante e negando qualquer manifestação, ainda que estejam agindo como se soubessem da gravidade da situação. Seriam mesmo "Vampiros de Alma" que aterrissaram em nosso planeta? A gritaria e os saques não param de assolar as ruas. Por isso mesmo a recomendação pessoal desse que vos fala é: Permaneçam em casa, procurem abrigo, comida e protejam-se. Ao que tudo indica, o que está por vir será muito "Além da Imaginação". Temo que 1959 torne-se conhecido pela humanidade futura, como um ano negro, onde a histeria dominou o bom senso.
* * * * *
- Sei o quanto adora contar esta história, pai, mas vai acabar assustando os meninos. - virando-se para os filhos - Nada disso aconteceu mesmo. Seu avô foi para a Terra apenas para reconhecer o planeta, nada mais.
- Mas eles viram você, vovô?
- Não. Chegamos discretos e saímos discretos. Apenas observamos o comportamento deles, sem interferir.
- Então mentiu para nós?
-  Enfeitei um pouco, só. Teria sido muito mais divertido se eles tivesse me visto. O presidente deles que não permitiu.
- Marcianos podem ir a Terra ainda, vô?
- Até podem, mas, ninguém mais se importa com lá. A verdade é que os terráqueos não são lá muito interessantes, e, ainda, são muito feios, com aquelas cabeças pequenas demais para o corpo.


Proposta de Conto: That was the night when I finally understood why people fear silence

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Estranho recordar daquele dia. Parando bem para pensar, não havia nada de extraordinário nele. Levantei no horário de costume, comi o que sempre comia, ouvi o que sempre ouvia, até esbarrei nas mesmas pessoas de sempre. Nada naquele dia trazia presságios ou anúncios da anormalidade vindoura. Acredito que seja assim, não? O que foge da rotina nos pega de assalto, nos marca sem sutileza.
Do trabalho para casa pouco posso descrever: ruas agitadas, murmúrios em colmeia, cheiro de gordura vindo do bar da esquina... Mais uma quarta-feira solitária de discussões futebolísticas sobre times da segunda divisão. Estava exausto, cansado até para tomar aquela gelada arriscando um convite de companhia para a recepcionista do prédio, com a possibilidade de prolongar o encontro até o meu apartamento. Quando o usual sufoca, a solidão soa como boa parceira.
Cumprimentei os vizinhos no elevador, são tantos os rostos que circulam por lá que fica difícil de montar um catálogo mental. Não que meu íntimo seja antissocial, simplesmente me apego aos gestos que me remetem ao próximo. Como no meu andar, onde meus vizinhos de porta idolatram aqueles cachorros de carra amarrotada deles, saem todo o domingo com eles numa "viagem" até o parque do outro lado da cidade; O cara que mora ao lado deles, no 507, coleciona amantes incrivelmente parecidas; Já meus vizinhos da direita são donos do ritual incômodo de brigarem aos quatro elementos. Na segunda o problema é a comida, na terça as crianças, na quarta a bebida, na quinta retorna-se a algum motivo e segue-se. As vezes o choro, outras os gritos, alguns tapas e muita quebradeira fazem parte da trilha sonora. Por que nunca reclamei do barulho? Todos já reclamamos. Chamamos o síndico, a polícia, o conselho... faltou só um exorcista. Nunca se resolveu. Cansamos, acostumamos, e eu me habituei aos ruídos aniquiladores. 
Sabia que minha quarta seria uma sequência de palavrões e distratos. Não foi, contudo. Cheguei e senti o silêncio pairar. Uma, duas, três horas de uma calmaria nauseante, a qual se esfarelou por cinco estrondosos tiros e o correr desvairado daquela mulher esvaída em sangue. O silêncio instaurou-se novamente, acho que seletivamente. Vi as imagens acontecerem emudecidas por um terror que não era meu. Mente minha divagou, caiu nas palavras de minha avó, que trêmula afirmava: "Nunca queira saber o porquê do temor que há no silêncio." Infelicidade minha, descobri.



Para Começar Bem o Dia

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Sinta a energia interna
Aquecida pelo raio quente da manhã,
Não duvide,
Apenas aproveite o momento de acordar.
Espreguice cada músculo antes adormecido,
Envolva-se pelo cheiro encorpado de café,
Prove do cítrico das frutas,
Mordisque algum farináceo.
Deixe a água rolar em seu corpo,
A pele agradece o frescor.
Por segundos esqueça das expectativas e responsabilidades,
Libere o que antes mantinha-se agarrado a sua alma,
Sorria para o espelho.
Permita-se alguns minutos ritualísticos
Valide para si mesmo um bom início de jornada;
Arrisque!


Tempestade de Areia

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Nascida no calor arenoso da solidão,
Entre os limites do humano e do inferno,
A secura dos agudos poros abafados
Feita pelo bravio, 
Principia;
E do mais azul,
Num céu jamais visto,
Escalda,
Fulmina.
Não aguarda ser pressentida
Ou próprio pressentimento ser.
Desafia.
Salpicando sua fúria em atos
Salgados, desidratados.

As roupas não suportam,
Vulcões disfarçados em dunas.
O deserto quieto
É ruidoso,
É teimoso,
Teme a solidão da imensidão que o devasta,
Extermina quem dele querer
Ou seu silêncio,
Ou sua solitude,
Ou sua paixão.


Aquele Olhar

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Algo sobre a fome com que me fita, 
Faz a minha urgência fervilhar. 
Esta eletricidade magnética 
Invade cada poro de minha pele. 
Sinto seu calor sem a menos estar rendida em seu toque. 
Atraída na vontade, 
Salivo faminta por seu gosto. 
Rezo para ser carregada ao seu universo, 
Dominada por suas unhas, 
Unida ao seu encaixe, 
Devastada por seu peso. 
Destruída por seu olhar invasivo, 
Aguardo a retribuição, 
Sorrindo.