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Escapismo Cinéfilo: 12 Homens e Uma Sentença

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Adoro quando encontro um trabalho cinematográfico interessado em debater um tema de forma simples e realista. Como já comentei em Sexo, Polêmica e Filmes,  nem sempre o cinema busca entreter, sendo que no aspecto arte de pensamento ousado é que encontra o seu campo mais fértil, tanto na expressão quanto no espaço para discussão. Dentro desta veia fixa-se um dos melhores, mais interessantes e completamente indispensável trabalhos de Sidney Lumet12 Homens e Uma Sentença. É tão fácil julgar de instinto, mas, e julgar com certeza e com ética?

Sinopse:
A trama baseia-se no julgamento de um assassinato, sob pena de morte. Os 12 jurados expõem suas razões para crerem na inocência ou na culpabilidade do acusado. Revisando-se provas, conceitos particulares são revelados e questionados.

Ficha Técnica:
Título Original: 12 Angry Men
País: Estados Unidos
Gênero: Drama
Ano: 1957
Diretor: Sidney Lumet
Elenco: Todo o elenco pode ser visto AQUI; Os principais são


Henry Fonda - Jurado 8


Martin Balsam - Jurado 1


John Fiedler - Jurado 2


Lee J. Cobb - Jurado 3


E.G. Marshall - Jurado 4



Prêmios:
  • Oscar: Indicado as categorias de Melhor Diretor  para Sidney Lumet, Melhor Roteiro Adaptado para Reginald Rose e Melhor Filme .
  • Bafta Awards: Venceu na categoria de Melhor Ator Estrangeiro para Henry Fonda e ainda foi indicado como Melhor Filme.
  • Berlin International Film Festival: Sidney Lumet ganhou o Golden Berlin Bear e o OCIC Award.
  • Blue Ribbon Awards: Vencedor como Melhor Filme Estrangeiro.
  • Bodil Awards:  Vencedor como Melhor Filme Americano.
  • Directors Guild Of America: Indicado para o DGA Award para o diretor Sidney Lumet.
  • Edgar Allan Poe Awards: Ganhou como Melhor Filme.
  • Golden Globes: Indicado nas categorias de Melhor ator drama para Henry Fonda; Melhor ator coadjuvante para Lee J. Cobb; Melhor Diretor para Sidney Lumet e Melhor Filme Drama.
  • Italian National Syndicate os Film Journalists: Sidney Lumet recebeu o Silver Ribbon como melhor diretor estrangeiro.
  • Jussi Awards: Henry Fonda recebeu o Diploma de Mérito como melhor ator estrangeiro.
  • Kinema Junpo Awatds: Vencedor como Melhor Filme em Língua Estrangeira.
  • Locarno International Film Festival: Ganhou Sidney Lumet o Special Mention.
  • National Film Preservation Board: Em 2007 foi selecionado para preservação por ser  "culturally, historically, or aesthetically significant".
  • PGA Awards: Em 1997 foi incluso no PGA Hall of Fame - Motion Pictures.
  • Writers Guild of America: Reginald Rose venceu na categoria de Melhor Roteiro Drama.

Crítica:

Quando esbarramos com alguma notícia anunciando um crime, quantas vezes - mesmo sem ler a matéria em sua integralidade - já condenamos o acusado? Esta condenação é livre de nossas opiniões pessoais, de nossos preconceitos, de nossas vivências? Há como se julgar de forma transparente e unicamente ligada ao fato? Há como se ter certeza absoluta da veracidade? Na ânsia por responder tais Reginald Rose escreveu uma peça para televisão, mais tarde brilhantemente adaptada para o cinema (1957) com o nome 12 Homens e Uma Sentença. Sob a direção inspirada de Sidney Lumet, o roteiro inteligente ganha uma dimensão extraordinária, essencial a todos.

Fugindo das reviravoltas da ação, sem a sanguinolência do terror e distante das lágrimas de um melodrama, a película transcorre de forma racionalmente humana. Em que pese se passe quase que inteiramente dentro de uma sala única - dando a sensação de peça teatral -, não se torna cansativo; Pelo contrário, com uma fotografia baseada em sombras e luzes, ressalta o sentimento das personagens e a maravilha dos diálogos, dando uma força muito particular a obra.


O trabalho de Henry Fonda, jurado 8, como condutor de dúvidas e questionamentos é exemplar. Não apenas demonstra o que seria uma dúvida razoável, como faz cada um - personagem e/ou telespectador - confrontar medos, visões e alicerces capazes de desvirtuar ou solidificar uma escolha. Contudo, não é apenas o jurado 8 que leva a reflexão, um por um daqueles homens e suas ações transforma o contexto do julgamento e da busca por uma verdade - ainda que incompleta.

Muito além de uma visão jurídica, este filme traz a tona o senso ético humano, impondo que cada decisão passa por um crivo moral social e pessoal. Não existe justiça exata, eis que nós não podemos agir imparcialmente. A falibilidade é preceito essencial do homem, por mais que se acredite no contrário. Duvida? Não ouça meus argumentos, assista ao filme.

Classificação:
 

Onde Encontrar:
O filme pode ser adquirido na Saraiva ou na Americanas em ambos na versão DVD e por R$ 12,90. Já no Amazon encontramos a Edição Especial do 50.º Aniversário por $9.99.
Amanhã o 12 Homens e Uma Sentença estará Em Cartaz aqui no blog! O filme completo para assistir online e legendado em português será a atração do final de semana. Vale MUITO a pena conferir.
Trilha Sonora:
Uma vez que a verdadeira graça do filme fixa-se em sua simplicidade combinada a um roteiro certeiro, a trilha sonora é pouco comentada, servindo de pura ambientação. Quase não encontrei informações sobre ela, apenas que foi composta por Kenyon Hopkins. Se alguém tiver algo a acrescentar sobre, não se acanhe! 




Escapismo Cinéfilo: Cashback

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Em tempos onde somos sobrecarregados com grandes produções, explosões, cores, 3D e muita preocupação com um visual extraordinário da película, é fácil habituar-se com roteiros não tão redondos, não tão instigantes. Nada contra a conjugação de produzir de forma extraordinária, contudo, esbarrar com filmes mais interessados em contar uma história pessoal, um tanto absurda e muita lírica é um verdadeiro alívio e uma pitada de inspiração. Nesta gama, deixo aqui o Cashback (2006).

Sinopse:
Um estudante de arte (Ben Willis), após um doloroso fim de relacionamento, percebe-se com insônia. Sem conseguir dormir - e com muito tempo de sobra -, ele resolve arrumar um emprego no turno da madrugada em um supermercado. Justamente por ser um horário, digamos, "fora de mão", o tédio e a contagem dos minutos são os principais rivais. Assim, cada um dos colegas de trabalho de Ben possui a sua forma de combatê-los. Talvez pelo excesso de criatividade, talvez por ser um talento real, Ben consegue parar o tempo, podendo andar contemplativo pelos corredores e deixando a sua imaginação fluir naturalmente.

Ficha Técnica:
Título Original: Cashback
País: Reino Unido
Gênero: Comédia, Drama e Romance
Ano: 2006
Diretor: Sean Ellis
Elenco: Todo o elenco pode ser visto AQUI; Os principais são

Sean Biggerstaff - Ben Willis


Emilia Fox - Sharon Pintey


Saun Evans - Sean Higgins


Michelle Ryan - Suzy


Stuart Goodwin - Jenkins





Prêmios:
  • Bermuda International Film Festival: Vencedor do Prêmio do Júri por melhor roteiro para o , também diretor, Sean Ellis.
  • San Sebastián International Film Festival: Vencedor do Prêmio C.I.C.A.E. Award para Sean Ellis.

Crítica:
Era início do corrente ano, ali pelo dia 02 de janeiro, que encontrei o longa - derivado de um curta homônimo - passando na telinha. Início de ano é assim, um misto de idas e vindas mentais, dançando por entre estratégias passadas não cumpridas. São nestes instante que ouso saborear da ansiedade pessoal e que uso como conselheiras as mais variadas películas incongruentes. Para começar o ano em pausa, trancafiei-me em ilusões cinematográficas.

Após uma overdose de imagens e do sono invadindo meu corpo, resolvi checar a programação televisiva. Assim, com a voz interna gritando What hell… Você aguenta mais um pouco!” Deixei-me levar pela trajetória em cena. Ainda bem! Pois a surpresa não poderia ter sido mais agradável. Como falei anteriormente, divirto-me com as atuais superproduções Hollywoodianas, mas, são nos trabalhos despretensiosos que reencontro minha paixão pela sétima arte.

Adoro quando o universo das personagens soa complexo, apesar da realidade costumeira que as cerca. Em Cashback soma-se a complexidade pessoal com a sensibilidade artística de um ser abençoado/torturado pelo olhar diverso sob o mundo. Conjunção que me faz perder as estribeiras e amar as singularidades e os clichês.

Ben, persona que nos conduz durante o longa, com sua visão de pintor e habilidade imaginária de desacelerar o tempo joga na cara os detalhes mínimos esquecidos por nossas almas cansadas.

Uma cena que retrata com maestria tal ocorre quando, por entre as suas divagações tardias, Ben (Sean Biggerstaff) relata a sua superexposição ao belo residente no corpo feminino. Sua visão da mulher é tão deliciosa, sem malícia abusiva e voltada para o real despercebido, que a nudez coletiva das tomadas ecoa natural e em arte.

Talvez seja o romantismo que finjo não existir em mim;
Talvez seja meu espírito artístico e instinto poético;
Talvez seja o olhar esperançoso e focado nos segundos esquecidos pelo sonho;
Não sei exatamente de qual fator seria a culpa-mor. Mas, amei caminhar pela madrugada criativa exposta na película. Tomara que todos consigamos ver o mundo de maneira única, sem sufocar na correria.

Para os idealistas como eu, um tanto clichês e ansiosos pela percepção do divino real, recomendo a película. E digo mais, não deixemos que a lógica imposta nos cegue da verdadeira beleza.

Classificação:

Onde Encontrar:
Eu tive a sorte de assistir ao filme pela TV, pois em minhas pesquisas não encontrei nenhum site nacional que disponibilizasse o DVD - e os que encontrei já haviam vendido todas as cópias. No Amazon até tem o longa de Sean Ellis, mas não conferi se eles entregam no Brasil. Logo se vê que não é um filme muito fácil de achar. Então, para os interessados, o site Baixar de Graça possuí link para download.

Trilha Sonora:
soundtrack é bem variada e possui algumas versões ótimas. Destaco a instrumental Inside, a Girl is On my Mind e What else is There?; Ouça agora: