A Traição segundo Nelson Rodrigues

E para quem deixou passar em branco sem querer - ou por querer - dia 23 de agosto foi o Centenário do nosso intenso Nelson Rodrigues. Por vezes intitulado como "anjo pornográfico", este dramaturgo, jornalista e escritor foi autor de obras como A Mulher Sem Pecado; Vestido de Noiva; O Beijo no Asfalto; Bonitinha, mas Ordinária, Meu Destino é Pecar, Engraçadinha... Seus Amores e Seus Pecados, A Vida como Ela É, entre outros.

Por seu caráter sexual e bem arreigado aos detalhes policiais, seus textos são repletos de simbolismos crus e temáticas onde o instinto humano tem a vez, Nelson Rodrigues traz o submundo - que as vezes é interno - para o escancaro. Não é a toa que diversos de seus trabalhos transcenderam o gênero e invadiram as telinhas e telonas por aí.

Uma das adaptações que mais gosto, talvez pelo trabalho de segmentação temporal sobre o mesmo tema, é Traição (1998) com direção de Arthur Fontes, Claudio Torres e José Henrique Fonseca. Tratam-se de 3 episódios sobre adultério inspirados em trabalhos do escritor centenário, bem ao estilo tragicômico deste, todos ambientados no Rio de Janeiro. São eles:


  • O 1.° Pecado: Anos 50; Mário conhece Irene, uma interessante e casada mulher, num ponto de ônibus. O encanto é imediato e ele propõe novo encontro. O que ocorre e segue-se por mais dias. Jordão, amigo de Mário acaba emprestando seu apartamento para tais e tudo vai bem, até que uma inusitada revelação é feita.
  • Diabólica: Anos 70; Geraldo anuncia seu casamento com Dagmar. Contudo Geraldo encanta-se com sua futura cunhada Alice, uma linda jovem de apenas 13 anos, e é correspondido por ela. Alguns encontros acontecem até que o amor e ódio de Geraldo pela garota resulta no extremo. Dagmar, após a descoberta, também surpreende.
  • Cachorro: Anos 90; Marido traído surpreende sua Mulher e seu Amante, em um quarto de hotel. O "corno", perdão pelo termo, está armado e o que sucede é um misto de violentos diálogos, brigas, revelações e, é claro, tiros, até que são surpreendidos pela presença do garçom, que bate na porta do quarto trazendo champanhe. O resto... Bem, não vou estragar a surpresa.

Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico(desde menino).


This entry was posted on 24 de ago. de 2012 and is filed under , , , , . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 . You can leave a response .

2 Responses to “ A Traição segundo Nelson Rodrigues ”

  1. Bom relembrar os tempos de palco, os livros do colégio, emoção de encarnar um personagem do Mestre.
    Muito bom o texto, aliás tudo muito gostoso por aqui.
    bjs

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  2. Olá, parceira, depois de umas pequenas férias, O FALCÃO MALTÊS está de volta, disposto a continuar celebrando sua paixão pelo cinema clássico.

    Cumprimentos cinéfilos!

    O Falcão Maltês

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